Criptos e dotcom

Eu não sou economista, sou apenas um curioso, sou influenciado pelo ethos do Bitcoin, o “Don’t Trust, Verify”. Esta é a virtude do Bitcoin, leva-nos a ler, estudar, refletir como o mundo funciona, compreender os conceitos básicos de economia, do sistema financeiro e da política monetária. Só compreendendo estas bases, podemos compreender o valor do bitcoin, senão será apenas um produto especulativo.

Estude #Bitcoin!

Muitas pessoas pensam que bolha financeira é igual a um esquema ponzi, mas não é verdade. Numa fase inicial, a sua influência no comportamento humano é semelhante, onde é gerada uma forte valorização/lucro, depois rebenta, acontece a correção. Quando é ponzi, a correção só acontece uma vez, o esquema colapsa.

Enquanto a bolha é algo que acontece ciclicamente, um bom exemplo é o mercado imobiliário, que teve inúmeras bolhas na sua história. São ciclos de mercados.

Uma parte muito grande do mundo cripto são literalmente um esquema ponzi, mas existem alguns que não são, são pouco mas existem. O Bitcoin e essas poucas criptos já tiveram várias bolhas no passado, mas conseguiram sempre recuperar, de ciclo em ciclo, o piso é sempre mais alto. O Bitcoin é uma fénix.

Como  gráfico demonstra

A última bolha do Bitcoin&Cripto aconteceu em Novembro de 2021, será que este foi similar às anteriores?

Observando o gráfico, são similares, mas eu acredito que desta vez vai ser um pouco diferente, ou seja, esta bolha será mais similar à das dotcom de 2000, especialmente no caso das criptos, o bitcoin é um caso à parte.

Sempre que falo em cripto, não incluo o Bitcoin. O Bitcoin não tem nada a haver com as criptos e em muitas situações até é o seu oposto. A relação do Bitcoin e as criptos é similar à relação da Lua e a Terra. É a Lua que influência as marés na Terra, igualmente como o Bitcoin influência os ciclos de mercado nas criptos. As criptos apenas tem ciclos de 4 anos, devido à influência do halving do Bitcoin. Mas o Bitcoin vai além da Lua, é o Sol, o restante do universo é que gira à sua volta.

Dotcom

Tanto nas empresas dotcom, como nas criptos, tiveram crescimento fortemente alavancado por empresas de capital de risco(VCs), curiosamente com a mesma ideia, “Get Rich Quick” (“Fique rico depressa”).

Nos finais da década de 90, a loucura dos VCs era tal, qualquer empresa que acrescentasse “.com” ao seu nome parecia ter sucesso quase imediatamente.

O mesmo aconteceu agora, só que as expressões são “blockchain”, “crypto” e “DeFi”.

Só que este ano tudo mudou, existe menos liquidez no mercado devido à alta taxa de juro dos bancos centrais e o VCs começaram a olhar para uma outra área, o AI, é o novo el dourado.

Esta diferença já é bem notória no mercado, são poucos os novos projetos que se destacam, o desenvolvimento tecnológico está a acontecer sobretudo nos projetos já existentes.

No caso da dotcom, estavamos no início da internet, era difícil de compreender o que era e o seu potencial. Agora é os smartcontract, são tecnologias muito inovadoras e com um enorme potencial de crescimento.

Eu acredito que o destino das criptos será similar à dotcom, onde a maioria das empresas faliram, as poucas que sobreviveram são um sucesso hoje em dia, como a Google, Amazon e eBay, entre outras. A adoção/utilização vai se concentrar em apenas meia dúzia(se tanto) de projetos. Essa concentração ainda vai acelerar nos próximos 2 a 3 anos, com as aprovações das legislações nos diversos países, que vão estrangular fortemente as criptos.

Os colapsos das criptos vai provocar uma fuga de capital, o pouco que restar. Uma parte do capital voltará para o mundo FIAT, mas eu acredito que a maioria permanecerá neste ecossistema, especialmente para o Bitcoin e para as “grandes” criptos, valorizando ainda mais estas.

Criptos

Por enquanto as Stablecoins são um grande “salva vidas”, são bastante utilizadas nos países em desenvolvimento. A questão é, quanto tempo os governos vão aceitar as stablecoins(neste modelo)?

E aquele sonho molhado dos shitcoiner, sobretudo dos da XRP, que imaginavam que o sistema financeiro tradicional iria utilizar a sua Blockchain, isso não irá acontecer. 

Enquanto o mercado de blockchains Permissionless vai concentrar, ao mesmo tempo está a surgir uma nova era de blockchains mas com bastantes limitações, fechadas, as blockchains Permissioned. Que vão “roubar” importantes cotas de mercado às blockchains tradicionais.

O sistema financeiro tradicional apenas vão utilizar sistemas que possam controlar, onde possam reverter transações, que consigam congelar fundos e os dados não serão públicos, sem transparência. Eles vão criar as suas próprias blockchains individualmente ou em cooperativas, mas sempre blockchains Permissioned.

Até as exchanges estão a criar as suas próprias blockchains.

Os shitcoiners desenvolveram tecnologia inspirada nos ideais do Satoshi, como uma alternativa ao sistema financeiro. Agora os bancos utilizam essa mesma tecnologia, a custo zero, para os seus próprios sistemas. Até muitas CBDCs estão a utilizar o código da Etherium como base.

Eu também nunca percebi bem o negócio das criptos, no meu ponto de vista não faz qualquer sentido as blockchains terem um token nativo próprio, a não ser que seja com o objetivo de enriquecer os VCs, provavelmente.

No meu pensamento, o token nativo é um “consumível”, mas a maioria das pessoas e os seus criadores olham para ele como um investimento. A meu ver não faz qualquer sentido.

O token nativo deveria ser a gasolina (não é por acaso, em ETH usam o termo Gas) para o carro se mova. Ninguém, ninguém compra gasolina com o objetivo que ela fique mais cara, para depois a vender, para gerar lucro. Nós compramos gasolina porque queremos nos deslocar e sem ela o carro não se move.

Eu acho que seria mais interessante se o token nativo fosse uma stablecoin (dólar ou mesmo btc), ainda não consegui perceber o porquê da Tether não o ter feito. É o que os bancos estão a fazer.

Em vez de ICO, as fees e possivelmente uma pequeníssima percentagem das transações serviriam para financiar os validadores e para as “fundações”. Possivelmente não optaram por esta via, para esquivar às legislações vigentes, mas agora estão a ser processados por serem securities. O tiro saiu pela culatra.

O Bitcoin é um caso à parte, é o ouro digital, é o dinheiro do mundo online e do mundo real, uma alternativa à moeda FIAT e uma reserva de valor. Está muitos patamares acima de todo o mundo cripto, é o único realmente descentralizado e é uma commodity.

As criptos não quiserem ser uma alternativa, queriam replicar o sistema financeiro tradicional dentro de um blockchain descentralizada. No final das contas, de descentralizada tem pouco e estão a ser engolidos pelo próprio legacy. É a ironia do destino.

Apesar de tudo acredito que alguns desses projetos consigam sobreviver e prosperar.

Se formos observar a tabela do coinmarketcap.com, das 100 maiores, daqui a 10 anos, possivelmente só restará o Bitcoin e mais meia dúzia de criptos com um volume significativo.

Easter Egg

Para finalizar, deixo um easter egg, como eu disse em cima, na época do crash das dotcom, a maioria das empresas faliram, mas houve uma que conseguiu sobreviver, apesar de ter sofrido uma brutal desvalorização.

Nos últimos anos começou a sua recuperação, mas ainda está muito longe dos seus máximos. Talvez consiga nos próximos 2 anos, senão será daqui a 6 anos, eu acredito.

Isto é bem representativo o que foi a loucura no final da década de 90, valorizaram as empresas para valores estratosféricos, neste caso poderá demorar quase de 30 anos para voltar a ter novos máximos.

O gráfico é bem representativo dessas duas fases, aquela vela do ano 2000 é assustadora.

O seu nome é MicroStrategy

Em nenhum momento deste texto é um aconselhamento financeiro, é apenas uma opinião pessoal, poderá estar completamente errada, nunca se esqueçam:

Don’t Trust, Verify!

Fica a lista do market cap para mais tarde comparar: