Aprovação dos ETFs

Finalmente os ETFs foram aprovados, foi uma luta que durou mais de 10 anos. Apesar dos membros da SEC não concordarem, foram praticamente obrigados pelos tribunais a aprovar.

Legitimidade

A importância dos ETFs, vai muito mais além dos próprios ETFs, é o reconhecimento de uma nova classe de ativos, o legitimar, a aceitação por Wall Street e por sua vez, pelos políticos e poder económico.

Um bom exemplo é este post no Twitter do vice-presidente do Brasil, Geraldo Alckmin, que chama de “Revolução Silenciosa”, gostei da expressão. 

É claro que tem uma parte de politiquice, com muita soberba, a vangloriar que foram os primeiros. O curioso é que esta declaração foi feita por altos dirigentes que pertencem a um governo que criou legislação que dificulta e restringe a compra/utilização de bitcoin pelos seus cidadãos.

Nos últimos dias, um alto cargo do BCE, Isabel Schnabel,  disse que o banco central nunca teria bitcoin no seu balanço, vamos ver quando anos vão levar até “engolirem o sapo”. A questão não é “se” vão comprar, mas sim “quando” vão comprar. Certamente vai demorar anos, mas vão comprar e terá um custo elevadíssimo.

Temos que reconhecer, que a partir do momento que a Blackrock fez o seu pedido para ter EFTs, o mundo começou a olhar para o bitcoin com outros olhos. Até aquele conceito, exclusivamente usado por bitcoiners, “Bitcoin não é cripto”, começou a ser ouvido no mainstream.

Isto não significa que vencemos a guerra, apenas vencemos uma batalha, muitas outras lutas virão pelo caminho. A próxima batalha será, o direito pela auto-custódia, que é fundamental, mas os políticos vão tentar tudo para proibir. Os políticos não querem que os cidadãos sejam livres, não podemos esquecer, sem liberdade financeira, não há liberdade individual.

Esta batalha vai além do bitcoin, pelo direito à privacidade e ao direito à criptografia.  O Bitcoin será a única esperança/resistência contra as CBDCs.

A aprovação dos ETFs não é um mar de rosas, também vai gerar muitos desafios. O principal desafio é que temos que aumentar a utilização do bitcoin puro, para contrabalançar com os IOUs, tem que existir um equilíbrio entre os dois.

Os ETFs são importantes para fundos de investimentos ou fundos de pensões, porque não tem outra alternativa para ter bitcoin, mas a restante da sociedade, em especial o pequeno retalho deve ter bitcoin puro. A utilização de IOUs deve ser desestimulada.

Moeda

O Bitcoin tem que ser muito mais além de uma reserva de valor, é uma moeda, e deve ser utilizada como tal, em compras no nosso dia-a-dia, p2p. A forte adoção do bitcoin, com milhões de utilizadores, será o nosso escudo humano, que vai nos proteger de políticas autoritárias dos governos.

Das características de uma moeda (Reserva de valor, Meio de troca, Unidade de conta), no caso do Bitcoin, a reserva de valor já está amplamente aceita e reconhecida, é a que está mais “avançada”, neste ponto o ETFs foi importante. Como meio de troca, já tem volumes muito interessantes (on-chain e LN) mas necessita de crescer mais. Mesmo nós maximalistas necessitamos de utilizar mais, dar o exemplo.

A unidade de conta será a última etapa, vai demorar muito anos até ser amplamente aceite. Agora apenas foi adotado numa Zona econômica de Honduras.

Crítica 

Por fim, deixo uma crítica para muitos bitcoiners, que passaram os últimos tempos, apenas a falar da valorização que os ETFs iriam gerar, esquecendo tudo o resto.

De um momento para o outro, começaram a bajular Wall Street, esquecendo as origens do bitcoin. Estão mais interessados em pensar na cor do lamborghini, do que construir uma revolução. Temos que dedicar o nosso tempo, essencialmente a falar/discutir sobre tecnologia, adoção, liberdade e o ethos. 

Quem entra com o único objetivo do preço, sem compreender o Bitcoin, rapidamente vai se decepcionar e afastar com prejuízo, foi o que aconteceu nos últimos ciclos, após a bullrun

O bitcoin é para utilizar, ter liberdade, ou seja, a valorização não deve ser a razão da adoção, mas sim, ser a consequência da grande adoção. 

Não sou hipócrita, a valorização tem alguma importância, mas não é essencial, nesta revolução.