Fluxo de dinheiro

O fluxo do dinheiro no mundo cripto acompanha o ciclo do Bitcoin, começa no bull market com a conversão de FIAT por Bitcoin. Com a valorização do Bitcoin, uma parte dos utilizadores (os não maximalistas), começam a seguir aquela ideia generalizada no sistema legacy, a diversificar portfólio. Uma parte do seu bitcoin, vai primeiro para altcoin e depois para as shitcoins/memecoins.

Quando entramos em bear market, as pessoas começam a desfazer das shitcoins e depois das altcoins por Bitcoin, para proteger o seu património. Por isso, a queda do Bitcoin é sempre inferior ao restante do mercado, a dominância do Bitcoin aumenta.

Depois uma pequena parte abandona o mundo cripto, trocando o Bitcoin por FIAT.

Fluxo dos Sintéticos

Com o aparecimento de instrumento financeiros como ETF Spot e Trusts que tem lastro em bitcoin, são geralmente utilizados pelo institucional/empresas, trouxe um novo fluxo de dinheiro, muito diferente do fluxo normal.

Será um fluxo mais binário, entre FIAT-Bitcoin e Bitcoin-FIAT. Nestes instrumentos, o capital investimento não é diluído por outras criptomoedas, fica tudo em Bitcoin ou saem de mercado.

Com a crescente utilização destes produtos financeiros, os principais prejudicados são as shitcoin/memecoins e as altcoins. Apesar de já existirem alguns EFT Spot de Altcoins ainda é muito residual em comparação com o Bitcoin.

Segundo o BitcoinTreasuries, são já 789 970 Bitcoin, menos de 4% do supply.

Até agora o SEC recusou sempre ETF Spot nos EUA, mas o recente pedido da Blackrock, provovou a uma onda de pedidos por empresas concorrentes, mudou o panorama, devido ao forte poder de influência da Blackrock, o mercado acredita que desta vez, vão ser aprovados. Se for aprovado, será só no primeiro trimestre de 2024.

O pedido da Blackrock e o seu poder de influência, provocou uma alteração no mercado, em pouco mais de uma semana, várias pessoas ou instituições que eram críticas ao Bitcoin mudaram de opinião. Dois grandes bancos europeus anunciaram a custódia de bitcoin para os seus clientes. 

O banco Santander publicou um artigo muito bem escrito, por alguém com bons conhecimento da área, a falar da Lightning Network.

O FMI, num comunicado, diz que a proibição de criptos não é eficaz a longo prazo e o presidente do FED diz que as stablecoins são forma de dinheiro.

Parece ser, o jogar a toalha ao chão, as instituições parece que estão a começar a mudar a sua posição em relação ao Bitcoin. Os estados em vez de proibir, vão tentar controlar através destes produtos/instrumentos financeiros, dificultando a auto-custódia, o objetivo é sequestrar o Bitcoin como uma reserva de valor e evitar que seja um meio de troca.

A prioridade é que o Bitcoin não circule nas economias reais e que faça concorrência direta às suas moedas FIAT. 

O ideal seria a auto-custódia, mas para o consumidor institucional as leis não o permitem, por isso utilizam muito os ETFs. 

Dominância

Com a incerteza que existe no mercado, em relação às securities, de momento a única certeza é que o bitcoin não o é

Eu mantenho a minha opinião, Bitcoin é a única commodity, as restantes são securities. Com os desenvolvimentos recentes, a única dúvida que existe no SEC, se ETH é ou não securities. Eu pergunto, qual a diferença entre a MATIC e ETH? São similares, se o SEC considera MATIC como security logo ETH também o é. 

Mas algumas pessoas e instituições importantes que já estão envolvidas com o ETH, certamente andam a fazer lobby no SEC, para que não seja security, só o tempo dirá.

Se os EFTs de Bitcoin forem aprovados dos EUA, uma parte importante da liquidez virá destes produtos financeiros. A liquidez vai ficar sobretudo no Bitcoin, a expansão das altcoin será mais reduzida, especialmente nas shitcoins. 

Com a massificação de utilizadores, o nível de conhecimentos técnicos dos novos utilizadores são cada vez menores e pessoas mais velhas. Este tipo de pessoas confiam nos bancos, vão usar serviços de custódia dos respectivos bancos, são também muito conservadores, a maioria irá para as moedas mais conhecidas e aqui o destaque vai para o Bitcoin. Estes sistemas de custódia vão crescer bastante nos próximos anos.

Eu acredito que será o ciclo do Bitcoin, onde a dominância irá crescer bastante.

Volatilidade

Nos ciclos anteriores, os novos “utilizadores” eram sobretudo pessoas com pouca experiência em mercados financeiros, muitos estavam à procura de “dinheiro fácil”, acabaram por cometer erros, como comprar em FOMO.

O bear market do mundo cripto é um momento muito duro, as quedas até o ATH são muito elevadas, em ciclos anteriores, essas quedas ultrapassam os 80%, parte dos inexperientes não suporta a pressão e acaba por vender os Bitcoins com prejuízo. Em bear market, a solução é não vender, é esperar 1 ou 2 anos até que o preço se recupere.

Será que Wallstreet está preparado para o bear market cripto?

As movimentações que aconteceram nos últimos dias demonstram que Wallstreet já está bem informado sobre cripto e que as dinâmicas são bastante diferentes do mercado legacy. Ou seja, têm que mudar de chip para investir em Bitcoin, nas empresas é simples, elas terão equipas dedicadas para este mercado; a minha dúvida é se o investidor individual, que tem alguma experiência em investir em bolsa, está ou não preparado para o bear market cripto?

Neste ciclo, o Bitcoin saiu de 3120$ até 69000$ (bull market) e depois caiu para os 15500$ (bear market), ou seja, foi um crescimento de 2200% e depois uma queda de 76%.

Com a entrada de Wallstreet e de pessoas com bastante experiência e conhecimentos de mercados e de economia, eu acredito que no próximo ciclo a volatilidade do Bitcoin será muito inferior aos anteriores. 

Estes investidores são experientes mas também são muito conservadores, uns vão entrar no Bitcoin com uma percentagem baixa do seu capital, outros vão preferir esperar que o mercado amadureça um pouco.

Os investidores experientes que entram já, não vão comprar Bitcoin nos momentos de euforia( perto do fim do bull market), ou seja, quando o preço do bitcoin estiver muito “esticado” não vão comprar, vou preferir esperar pela queda de preço, pelo bear market. O típico dos mercados financeiros: “Comprar na baixa e vender na alta”.

A linha verde representa o momento correto de investir durante o ciclo, para fazer um bom DCA:

Apesar de ser uma porcentagem pequena de capital, esta “pequena” será enorme para o marketcap do Bitcoin.

As consequência disto é, no bull market, o preço não vai “esticar” tanto como no ciclo anterior, porque Wallstreet acha demasiado caro e deixam de comprar. Quando entrarmos no bear market, acontecerá o oposto, com a queda de preço, Wallstreet vai voltar ao mercado para comprar, aparando e reduzindo a queda. Isto significa que a volatilidade irá reduzir bastante.

Se a aprovação dos EFTs acontecer no início do próximo ano, vai entrar muita liquidez por esta via, mas eu acredito que o verdadeiro boom só acontecerá daqui a 3/4 anos, será o seu clímax, momento onde todos os fatores favoráveis coincidem no mesmo espaço de tempo:

  • Regulamentação/lei estão mais estabilizadas
  • Wallstreet está mais experiente
  • Investidores vão voltar a investir e com uma porcentagem de capital maior.
  • Bitcoin está quase no fim do bear market
  • Aproximação do Halving
  • Com a redução da volatilidade, vai atrair ainda mais pessoas comuns, sobretudo em países com inflação alta.

Isto é curioso, com a entrada de grandes players, que olham para o Bitcoin como uma reserva de valor (investimento de longo prazo), vai provocar uma redução da volatilidade. E quanto menor for a volatilidade, maior será a adoção por pessoas que utilizam o bitcoin como meio de troca, nas compras do dia-a-dia, sobretudo em países com inflação alta.

Se a intenção dos governos de criar/usar os ETFs como um meio para evitar que as pessoas utilizem o Bitcoin como um meio de troca, para evitar a concorrência direta com a suas moedas FIAT. Nas economias do G7 poderá funcionar, mas no resto do mundo terá o efeito oposto, o crescimento será exponencial.