Efeitos colaterais

A moeda é essencial para a economia, como meio de troca, sem ela, era muito mais complexo fazer a troca de bens, é como o coração para os seres vivos, que faz o sangue circular por todo o corpo.

Se existe insuficiência cardíaca, alguma parte do corpo vai ter problemas, vai faltar o oxigénio em algum órgão ou membro. Assim para não existir problemas o coração tem que funcionar como um relógio Suíço, sempre ao mesmo ritmo do nosso corpo. 

Quando existe um esforço físico, exige mais oxigénio e o coração automaticamente adapta-se ao ritmo necessário e rapidamente volta ao normal quando termina esse esforço. Quando estamos em repouso, não faz qualquer sentido acelerar o ritmo cardíaco, muito menos estimular essa aceleração. Mas é isto que os políticos fazem, contrariam o ritmo do corpo, as atuais políticas monetárias estão completamente erradas e estão a destruir a moeda, consequentemente destruindo as economias e poupanças das famílias. As atuais políticas monetárias tornaram o coração com uma insuficiência e o sangue está anémico, de tão diluído que está (expansão monetária).

Um corpo doente, com cansaço e tonturas, os políticos em vez de resolverem o problema (insuficiência cardíaca) dão ao paciente magnésio (ou RedBull), para combater o cansaço. O paciente ao consumir em excesso o magnésio, provoca diarreia como efeito colateral. Depois toma loperamida para aliviar a diarreia e assim sucessivamente. Ou seja, estamos a criar novos problemas, novos tratamentos e nunca tratamos o problema original.

Como em qualquer motor, coração ou não, se durante muito tempo andamos em velocidades superiores ao recomendado pelo fabricante, estamos a reduzir drasticamente o tempo de vida do motor. Quando estamos a falar de automóveis é muito simples, basta substituir o motor, é apenas uma liga metálica com fluidos óleos. Mas aqui o grande problema é que estamos a falar de vidas humanas, quando esse motor parte(recessão) gera muito sofrimento, falências e muitas mortes… bens insubstituíveis.

O mundo e a economia que nós conhecemos foi construído sobre uma moeda doente que gera enumerar efeitos colaterais, que são uma aberração. E as “soluções” criadas para essas aberrações geram outras novas aberrações, ainda maiores, são ciclos perpétuos.

Efeitos colaterais

Centralização

Devido à estimulação e desestimulação da economia gera ciclos económicos, período de forte crescimento até que a bolha rebenta e segue-se um período de forte recessão. Mas estas fortes subidas e quedas apenas favorecem uma pequena classe, a maioria das pessoas fica prejudicada. Assim os ricos ficam ricos e os pobres mais pobres, uma centralização do poder económico.

Consumismo

Os picos do ciclos e a extrema facilidade no crédito cria a falsa sensação de riqueza, o que leva a um consumismo desenfreado e sem sentido.

Dependência

A facilidade como se altera as políticas monetárias, gerou uma dependência na classe política e uma degradação da qualidade dos mesmos. Os políticos sabem que podem ter uma gestão má ou mesmo danosa, se existir algum problema, basta imprimir mais dinheiro.

Banca

A moeda fiduciária já é má por natureza, ainda a este juntarmos a reserva fracionária faz um cocktail explosivo. Falência após falência na banca, como é possível não fazerem nada para corrigir?

Chegando ao cúmulo do ridículo, o FED recusar a licença para a criação de um banco sem reserva fracionária, porque pode criar um problema sistémico ao restante da banca, eles ainda não conseguiram perceber que o problema sistémico é a reserva fracionária. 

Como é possível num mundo extremamente regulamentado, o sistema bancário ser tão frágil, o único activo é a confiança. Até mesmo um banco saudável, basta um pequeno boato, gera um bankrun e em poucas horas o banco vai à falência. Antigamente os boatos/noticias circulavam lentamente, mas agora com as redes sociais é tudo muito rápido e com uma dimensão brutal. Basta alguém com intenções maléficas mete a circular o boato, este tornar-se viral e criar pânico e gera um problema económico nacional ou mesmo internacional. Até as bankrun são diferentes do passado, que estavam limitado fisicamente ao balcões, agora com o homebanking, milhares ou milhões de clientes ao mesmo tempo podem fazer transferências.

As empresas na generalidade podem ir à falência, é consequência pela má gestão dos seus administradores/donos, perdendo todo o seu investimento/património, o  capitalismo puro. Quando falamos de bancos, o problema é outro, é algo perverso, quando o banco vai à falência os principais lesados são as pessoas e empresas que colocaram lá as suas poupanças, que não tem qualquer responsabilidade na má gestão. Por esse motivo têm que existir os bailout aos bancos. Isto é uma desvirtualização do capitalismo, quando dá lucro vai para os acionistas e quando dá problemas tem que ser nacionalizado, ou seja, o povo anda a nacionalizar os prejuízo. Enquanto tivermos reserva fracionária, só nos resta uma solução, a nacionalização dos bancos falidos.

Fundo de pensões

Com o passar do tempo e devido às políticas de expansão monetária, a moeda perde valor como o tempo e quanto mais longo mais valor perde. A desvalorização da moeda cria um problema nas poupanças das pessoas e nos fundos de pensões, porque o dinheiro que guardam agora daqui a vinte ou trinta anos vale muito pouco. Para “resolver” este problema os estados criaram um verdadeiro esquema ponzi, onde os mais novos pagam as reformas dos mais velhos. Mas como em todos os esquemas ponzi apenas funciona quando a quantidade dos novos é muito superior aos mais velhos, quando a pirâmide etária inverter será o seu colapso e é o que está a acontecer. 

Sem mudança profunda na política monetária só resta o adiar do problema, ou seja, o aumento constante da idade da reforma e com reformas cada vez mais baixas. Se a moeda tivesse supply fixo, bastava as pessoas pouparem e guardarem o dinheiro para a sua velhice. Esta política monetária não permite que as pessoas poupem, são obrigadas a investir.

Imobiliário

Como o dinheiro está sempre a perder valor, as pessoas têm que o trocar por outros produtos. Um dos produtos mais escolhidos é o imobiliário, gerando enormes bolhas ciclicamente. É o que está a acontecer agora em Portugal, além dos preços elevadíssimos, criou uma enorme escassez no mercado. Este longo período de juros zeros ou negativos, para não perderem dinheiro, as pessoas/empresas começaram a comprar casas à maluca.

Os defensores deste sistema keynesiano, costumam dizer, que o dinheiro não é para acumular, estas política levou as pessoas a acumular casas. Gerando consequência sociais tremendas, os jovens não conseguem sair da casa dos pais, adiam construção da própria família, sobrelotação das casas, os jovens universitários não podem estudar devido a custos, dificuldade na mobilidade de pessoas(criando problemas no mercado de trabalho).

As casas são um bem de primeira necessidade e não um produto de investimento. Deviam ser acessíveis e de baixo custo.

Estes são apenas alguns dos efeitos colaterais criados por esta política monetária desastrosa, mas eles são muito mais. A única maneira é uma mudança drástica na política monetária e claro na classe política também.

Fix the money, Fix the World!